quinta-feira, 4 de agosto de 2011

o projeto




cruzeiro do sul, junho de 2011

saudações amigos da tabebuia

escrevemos pra dar notícias de nossos trabalhos aqui na floresta;
como vocês sabem desde 2009 temos trabalhado na transcriação multimídia dos cantos do nixi pae (ayahuaska) pesquisados e publicados pelo professor ibã (nixi pae – o espírito da floresta (opiac-organização dos professores indígenas do acre/cpi-comissão pró-índio do acre, 2004) e huni meka – os cantos do cipó (opiac-organização dos professores indígenas do acre/cpi-comissão pró-índio do acre, 2007));
os vídeos foram concebidos como possibilidade de veicular a execução (e comentários) dos cantos por ibã combinados aos desenhos elaborados por bane (cleiber pinheiro sales), transcriação dos cantos (música e texto) na linguagem visual;
em 2010 fomos contemplados com dois projetos: a realização de seis vídeo-cantos (lei de incentivo à cultura - fem/acre) e um encontro de artistas desenhistas das aldeias huni kuin do Jordão e Seringal Independência (microprojetos da amazônia – minc);
realizamos o encontro e fizemos as gravações dos vídeos nos meses de abril e maio deste ano;
foram quinze dias de encontro, em que jovens das três terras indígenas do jordão estiveram desenhando, cantando e tocando, trocando experiências sobre saberes tradicionais;
seguiram-se mais dez dias de gravação para os vídeos e estamos atualmente no processo de edição e na produção da mostra de desenhos que se iniciará no eixo cruzeiro do sul-rio branco;
durante o mês de junho realizamos uma experiência de tradução poética (interlingüística) coletiva desses cantos no curso de formação docente indígena da universidade da floresta, com acadêmicos de diversos povos (puyanawa, nukini, yawanawa, shanenawa, marubo, huni kuin e não-indígenas), experiência que se deu no contexto da disciplina linguagem e arte com o acompanhamento e revisão do professor ibã;  

com este trabalho pretendemos contribuir apontando caminhos criativos para a atualização da proposta de autoria indígena (na qual ibã se destaca como expoente) visando atividades de pesquisa que considerem a expressão coletiva e multimídia;
pensamos contribuir também com novas referências nas práticas de transcriação ou tradução criativa (intra e interlingüística), apontando para o tráfego intersemiótico como prática de expressão que opera na base da multiplicação (diferença, divergência), invertendo a chave explicativa e etnocêntrica inerente à tradução interlingüística (convergência);
com isso, associado à prática da criação coletiva, pensamos abrir espaços de pesquisa que se apropriam de linguagens disponíveis (e sua interação) para experimentar e atualizar o perspectivismo indígena;        
considerar-se criador e produtor de conhecimento, ou “artista” como dizem os jovens huni kuin (equivocação que diz o mesmo e outra coisa), eis uma experiência que nos fortalece: daí o propósito de compartilhar a pesquisa e a arte de criar que move este projeto; 
é um prazer compartilhar com vocês nosso trabalho;
forte abraço
txai amilton tenê pelegrino de mattos



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